Artérias e Ambiguidades
1/2/1997
Como em Leonilson, a obra de Del Pilar Sallum (São Paulo,1952) é dona de um intimismo profundo, quase constrangedor. Seu trabalho é literalmente um prolongamento do próprio corpo.
A artista molda fios metálicos, compulsiva e espessamente, ao redor de partes de suas mãos e seus dedos. Assim, eles se tornam moldes, molduras, suportes. Finalmente, se tornam passado.
Os fios, que dão corpo ao objeto escultórico, são ocos e moldados. Falam do vazio, da solidão, da ausência e do tempo que já passou.
Enrolando os fios e fios ao redor de seus membros, a artista remete às ataduras aplicadas a um corpo enfermo; ao mesmo tempo, relembra a atividade tipicamente atribuída ao universo feminino de tricotar, enrolar novelos de lã nas mãos.
No corpo de Del Pilar, há também uma desintegração, uma superação da própria fisicalidade: se cada volume escultórico produzido, requer a princípio um desconforto físico, posteriormente, ele se faz da ausência desse mesmo corpo que o produziu. Aí eles se tornam apenas recipientes de lembranças, casulos, nichos, ninhos da memória física.
(Folder). Exposição Heranças Contemporâneas - Mac Ibirapuera - São Paulo; 1997
Katia Canton
Em algum momento antes de mim – a inscrição brumosa da transmissão
At some point before me - the misty inscription of the transmission
The W Contemporary Art Center opens its programming in 2021 with artists Del Pílar Sallum and Weimar